Crítica | Animais Fantásticos e os Segredos de Dumbledore

 "Animais fantásticos e onde habitam" chega aos cinemas na próxima semana, e a ansiedade dos fãs (principalmente os brasileiros que estão eufóricos para se verem representados em tela) só cresce. No enredo o professor Alvo Dumbledore (Jude Law) sabe que o poderoso bruxo das trevas Gellert Grindelwald (Mads Mikkelsen) está se movimentando para assumir o controle do mundo mágico. Incapaz de detê-lo sozinho, ele pede ao magizoologista Newt Scamander (Eddie Redmayne) para liderar uma intrépida equipe de bruxos e um corajoso padeiro trouxa em uma missão perigosa, em que eles enfrentam questões políticas, a própria moral e entram em conflito com a crescente legião de seguidores de Grindelwald. Mas com tantas ameaças, quanto tempo poderá Dumbledore permanecer à margem do embate?

O filme já inicia com duas ótimas cenas [uma na qual, eu inclusive, chorei] uma perseguição que vai definir o caminho desse terceiro filme e uma ótima sequência em que Dumbledore se encontra com  Grindelwald  em um restaurante trouxa, finalmente falando sobre os sentimentos que sentem um pelo o outro e analisando de forma quase poética como um romance proibido se transformou em uma batalha entre o bem e o mal. Na sequência somos transportados ao momento  em que Newt Scamander (Eddie Redmayne) viaja a uma densa floresta para presenciar o nascimento de uma belíssima e adorável criatura conhecida como qilin, cuja bondade e pureza consegue ver a alma de quem seus olhos observam, e seu julgamento prenuncia a ascensão de um grande líder. Não é surpresa, pois, que as forças das trevas enviadas por Grindelwald queiram rouba-lo para benefício próprio.

Jacob (Dan Fogler) volta como o escape cômico, uma representação dos fãs trouxas que sonham em viver no mundo bruxo, mas na sequência vemos o desenrolar do seu arco dramático que envolve tanto suas experiências com os bruxos e com a guerra contra os humanos, quanto seu relacionamento brutalmente interrompido com Queenie (Alison Sudol).

E é óbvio que não posso deixar de falar da presença da nossa querida Maria Fernanda Cândido como a magnânima Vicência Santos, uma das bruxas mais poderosas do planeta que concorre pelo posto de presidente do mundo mágico – vendo seus planos indo por água abaixo quando o povo começa a apoiar a ideologia segregacionista de Grindelwald. Apesar de não ter muitas falas, a personagem entrega uma elegância e uma pose que dispensam diálogos e que se firmam em seus olhares e expressões.

A direção e a fotografia do filme consegue entregar drama e magia, junto com um roteiro que é suave, e mescla emoções; o que mostra que um trabalho em conjunto tende a render bons frutos. O filme carrega alegria, tristeza, agonia, suspense e bom humor sem parecer forçado. A trilha sonora brinca com a nostalgia dos fãs e entrega momentos emocionantes e icônicos.

Os filmes de do universo que nos foi apresentado por Harry Potter, sempre me tocaram profundamente. Acredito que parte por uma certa identificação com os sentimentos narrativos que nos eram apresentados. E animais fantásticos tem essa mesma carga afetiva/sentimental.

Uma história que fala sobre como a política influencia na mais singela ação, como o ato de amar alguém. Como o abandono pode machucar, como mentiras tem o poder de destruir e como a excentricidade de alguém pode ser a sua melhor característica.

Não vou me estender e trazer aqui uma reflexão sobre as temáticas já abordadas, mas se fosse colocar um tema central nesse filme, ao meu ver, é um filme sobre caráter. Os princípios que você carrega com você, sobre a importância de se ter em mente que você pode errar e continuar sendo uma boa pessoa, que as vezes atos desesperados não são definitivos. Como você pode perdoar o passado e acima disso, se perdoar por escolhas tolas.

Como Sirius disse em ordem da Fênix:

"O mundo não se divide em pessoas boas e más. Todos temos Luz e Trevas dentro de nós. O que importa é o lado o qual decidimos agir. Isso é o que realmente somos".

 Espero que esse mundo possa continuar abraçando quem tanto se abrigou em Hogwarts, e que agora tenha um mundo inteiro para explorar com "Animais fantásticos".

 Por hoje é só, mal feito, feito!

Não deixem de ver o filme que estreia em 14 de abril.