Sinopse: O governo decreta que as mulheres só podem falar 100 palavras por dia. A Dra. Jean McClellan está em negação. Ela não acredita que isso esteja acontecendo de verdade. Esse é só o começo... Em pouco tempo, as mulheres também são impedidas de trabalhar e os professores não ensinam mais as meninas a ler e escrever. Antes, cada pessoa falava em média 16 mil palavras por dia, mas agora as mulheres só têm 100 palavras para se fazer ouvir. ...mas não é o fim. Lutando por si mesma, sua filha e todas as mulheres silenciadas, Jean vai reivindicar sua voz.
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Estamos na era das distopias/ficções científicas que com a genialidade de seus autores mesmo sendo escritos há anos atrás, tem o poder de se mostrar tão presente em nossos dias atuais. Histórias como 1984, Admirável Mundo Novo, O Conto da Aia e agora Vox. A autora Christina Dalcher vem com uma proposta inusitada de uma sociedade em que as mulheres são silenciadas. Após a posse de um presidente, todas elas recebem um bracelete que lhe da o direito de falar apenas 100 palavras por dia. Quando este contador é zerado, ao pronunciar qualquer outra palavra a portadora recebe uma descarga elétrica que em momentos pode ser até letal.
Você pode até pensar em primeiro momento "Isso não aconteceria na nossa sociedade", mas o que Vox apresenta de diferente das outras histórias que já vemos como a população se tornou o que é, aqui vemos quando tudo está começando a acontecer, todo o estopim e como todos se comportaram e no futuro se queixaram com "Como deixamos isso acontecer?". Discursos de ódio que comovem milhões de pessoas e tantos outros atos que vemos acontecendo atualmente são realmente preocupantes.
No livro veremos essa história pelos olhos da Dra. Jean, ela não engoliu toda essa história e a cada dia se revolta ainda mais com tudo o que está vendo e não pode fazer nada. Com a desvalorização das mulheres, seus bens como contas, documentos e empregos foram vetados e todas são fadadas a apenas cuidar do lar, pois segundo o governo "é assim que a Bíblia nos ensina". Só que as coisas tomam um rumo diferente quando o filho do presidente sofre um acidente esquiando, e reúnem um grupo com os melhores cientistas para buscar uma cura para o problema neurológico que o jovem sofreu. Jean é convocada para esta missão e com isso ela teria o prazer de ter seu bracelete removido por um tempo, mas acima de tudo ela só pensa em dizer não e não ajudar quem a colocou nessa situação.
A história é muito envolvente, nas cem primeiras páginas você é introduzido de uma forma surreal, pontos chaves de pessoas já alertando o que aconteceria e o surgimento de uma resistência. Jean é uma personagem com uma personalidade maravilhosa, ela não se priva de pensar e muito menos de falar mesmo com suas limitações. A escrita de Dalcher é realmente muito instigante e ela não entrega muito da história e você fica na sede de querer descobrir mais e o que os personagens vão fazer. Entretanto, nem só de elogios é feito o livro, e Vox tem muitos pontos que me decepcionou. Como seu desenvolvimento começa bem e alcança um patamar superior, em seguida a autora mantém a qualidade no mesmo nível, porém a trama começa a descer e literalmente despencar. Creio que muito do que foi usado em torno das seguintes cem páginas poderia ter sido sintetizado ou até mesmo descartado.
Vemos a história entrar um clima de mesmice e muita enrolação e ausência de algo novo é gritante, então você se arrasta com a leitura por esses fatores. Porém, ao chegar próximo do fim, a história engata numa sucessão de acontecimentos de uma vez só. Muita coisa sendo jogada, diversas situações que atropelavam umas as outras e que foram jogas as pressas, coisas estas que poderiam ter sido colocadas mais cedo na trama. Chegado a este ponto, a história começa a correr e você precisa seguir ao ritmo que muda abruptamente. Somado a isto, conta com um plot que não tem nada de chocante e surpreendente.
Vox tem seus pontos positivos e negativos, no geral é uma boa história e que ainda assim nos faz refletir muito sobre o que estamos vivenciando e ainda mais a tomar uma atitude em relação. Com bons personagens e uma atmosfera que embora seja um pouco pesada, conseguimos levar a história e no final é impossível não parar e refletir.
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