Crítica | Matrix: Resurrections


Da visionária realizadora Lana Wachowski chega-nos Matrix Resurrections, o tão aguardado 4º filme da franquia. O novo filme reúne os protagonistas originais Keanu Reeves e Carrie-Anne Moss nos icónicos personagens que os tornaram famosos, neo e trinity. Antes de esmiuçar os detalhes que tornaram o filme o que ele se apresentou, vamos entender as leis, regras e histórias do universo Matrix. 

Matrix é uma simulação criada pelas máquinas para manter a mente dos seres humanos ativas enquanto ele serve de produção de energia, a ilusão de uma vida normal serve para que os humanos não notem que são escravos. A criação da Matrix foi uma consequência de uma guerra travada entre humanos e máquinas, nessa guerra os humanos foram derrotados mas as máquinas não puderam acabar com a humanidade. Uma das estratégias humanas para derrotar as máquinas, acabou por colocá-los na posição de escravos, essa estratégia se tratava de cobrir o céu com nanos robôs para impedir que as máquinas utilizassem a energia solar e com o tempo elas descobriram que o corpo humano produz energia e desenvolveram uma forma de utilizar essa energia produzida em benefício próprio. Assim os humanos se tornaram uma espécie de bateria.

 A trilogia se passa na 6º versão desse software, a cada atualização ela corrige bugs e cheats para que os humanos não percebem que estão vivendo em uma simulação e acreditem cada vez mais que aquele é o mundo real, assim diminuindo cada vez mais a rejeição. Mas por mais que ela faça essas atualizações ainda existem muitas pessoas que não aceitam bem a matrix e acabam acordando para  a realidade ou morrendo; e as pessoas que se libertam dessa simulação e conhecem a verdade acabam vivendo de maneira muito precária com risco de morte a qualquer momento. E uma maioria dessas pessoas acreditam na profecia de um ser messiânico que é capaz de destruir a matrix e acabar com a guerra entre máquinas e homens. Morpheus, um dos personagens chave dessa franquia, acredita que é o seu dever encontrar esse ser e vai atrás de pessoas dentro da matrix que tem a percepção de que tudo pode não ser real, recrutando eles na esperança de encontrar esse ser messiânico

É assim que ele encontra Neo, que descobre um tempo depois que a profecia era mais uma forma de controle das máquinas, tudo para aprimorar o seu sistema operacional. Neo é um programa feito pelas máquinas para absorver a anomalia decorrente das escolhas dos seres humanos dentro da Matrix que geram um erro de cálculo. Vivendo como humano ele também absorve informações dos homens, com essas informações e o código básico que ele carrega, seu dever é fazer o upload no mainframe da máquina e atualizar a Matrix para a versão 3.7.

 E sei que algumas perguntas vão surgir, por exemplo, como Neo pode ser um programa e um ser humano ao mesmo tempo? O oráculo concentrou toda a anomalia decorrente das escolhas humanas em um único ponto, transformando assim a anomalia em esperança para que as pessoas que saíram da Matrix e viram que realmente existe no mundo real não perdessem a vontade de viver com o tempo. Ou seja, ela programou todas as possíveis escolhas que poderiam colapsar a Matrix em um só lugar, para que as pessoas acreditassem que a solução para viver livre fosse uma única coisa. Assim direcionando a esperança de liberdade em um só lugar . Dessa forma as máquinas saberiam exatamente onde tá o problema e os humanos poderiam ter algo para direcionar suas esperanças, o grande problema é que as máquinas não deixariam algo tão importante assim nas mãos de algo criado por humanos e os humanos não teriam fé em um salvador criado por máquinas. Então a solução foi criar um programa que simulasse perfeitamente um humano, assim ele acreditaria que teria nascido humano e acreditaria que poderia salvar os humanos e mesmo fazendo tudo que ele faz dentro e fora da Matrix, ele não desconfia que pode ser um programa. porque ele foi programado para achar que é um ser humano. Então desde o começo ele foi usado para comportar a anomalia coletar informações e atualizar a Matrix enquanto as máquinas fazem o controle populacional de zion. E fazem isso para não deixar que ela cresça demais e ameace a existência das máquinas.

Na sequência que acompanhamos, vemos seres humanos que vivem em uma era que podemos chamar de pós-neo. Onde uma espécie de paz foi instaurada e humanos e máquinas começam a encontrar um ponto de equilíbrio para viverem juntos, tudo claro, dentro do planejamento das máquinas que consegue manipular os acontecimentos de acordo com a sua vontade. Isso fica bem claro, mas o filme acaba por se perder nas motivações, todas as questões levantadas são interessantes e pertinentes, mas não passam disso, questões. O filme não se aprofunda em nenhuma problemática apresentada, deixando o espectador em um mar sem respostas. 

 Além de apresentar motivações fracas que não convencem o público. Os personagens parecem não ter um propósito efetivo para suas realizações, como se estivessem fazendo tudo porque é necessário se apresentar um novo filme e nada além disso. Com motivações fracas, e resoluções insossas, Matrix prende o público por apresentar em seu início um bom uso de metalinguagem, brincando com as camadas de universo, elaborando uma narrativa onde a verdade é vista como ficção, e para o público que assiste a ficção sempre foi palpável. O que acontece aqui é que ela se torna tão palpável que não convence.

 A direção se mantém boa, a linguagem dos planos e ângulos passam o que precisam passar, mas sem nenhuma novidade ou algo que acaricie o olhar do público. A fotografia carrega muito mais do mesmo que temos visto por aí, como se tivesse se estabelecido uma técnica e linguagem universal, o aspecto esverdeado que a trilogia carregava foi deixado de lado, dando espaço para uma fotografia limpa e que busca uma perfeição engessada. O único momento onde vemos a retomada das cores tão características da franquia são nos momentos finais, mas não é algo latente e que permanece tempo suficiente para impactar. 

As atuações são boas, mas nada que deixe o público de boca aberta, num geral, Matrix 4 se mostrou um filme mediano que tem boas referências que podem agradar os fãs. A novidade apresentada é que conseguiram programar um novo programa que irá acompanhar Neo na busca pela Matrix perfeita, Trinitti se torna um programa igual a Neo, onde as motivações para as atualizações são sentimentais e menos políticas que os primeiros filmes.

Matrix já está nos cinemas!


Comentários